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Luís Carlos (L. C. da Fonseca Monteiro de Barros), engenheiro civil e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 10 de abril de 1880, e faleceu na mesma cidade em 16 de setembro de 1932. Eleito em 20 de maio de 1926 para a Cadeira n. 18, na sucessão de Alberto Faria, foi recebido em 21 de dezembro de 1926, pelo acadêmico Osório Duque-Estrada.

Era filho do médico Dr. Eugênio Augusto de Miranda Monteiro de Barros e de D. Francisca Carolina Werna da Fonseca Monteiro de Barros. Terminados os preparatórios, ingressou na então Escola Politécnica, onde se formou em engenharia civil. Casado, transferiu-se para Minas Gerais e depois mudou-se para São Paulo, onde exerceu a profissão nos quadros do serviço público, como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, na Zona Norte, que ele chegou a chefiar. Foi removido, galgando de posto, para o Rio de Janeiro, onde fixou residência. Em 1921, foi nomeado consultor técnico do Ministério da Viação. Muito conceituado em sua profissão, nem por isso abandonou o seu pendor natural para as letras. Sob o funcionário exemplar, existia o poeta, de que pouca gente, só os mais íntimos, tinha conhecimento. Congregou um grupo de intelectuais, com quem fundou a Hora Literária. Começou a estampar nos jornais e revistas os seus versos, numa época em que o parnasianismo dominava amplamente a poética brasileira e seus modelos filiavam-se à técnica de Olavo Bilac e Alberto de Oliveira. Pertencia ele à última geração parnasiana, à geração dos discípulos de Emílio de Meneses e de Francisca Júlia. Contudo, em Luís Carlos, há um toque de romantismo que foge ao estilo parnasiano puro e simples.

Na sessão da Academia de 14 de junho de 1917, à qual ele assistiu como visitante, Augusto de Lima fez a leitura de alguns de seus poemas. A imprensa do Rio de Janeiro passou a publicar-lhe sonetos esparsos, que o tornaram conhecido nas letras da metrópole.

Estreou em livro já aos quarenta anos. Colunas, publicado em 1920, foi aclamado com entusiasmo. Os amigos insistiam para que se candidatasse à Academia Brasileira de Letras. Tentou por duas vezes. A Academia recebeu-o e consagrou-o. João Ribeiro, em artigo (O Imparcial, 29-11-21), assim a ele se refere:

"Eram, de fato, colunas, segundo o título, no sentido próprio e nas suas várias ordens de estilo: dóricas, pela solidez; jônias, pela graça e leveza; coríntias, pelos seus capitéis floridos. E em conjunto eram todas gregas.

A poesia de Luís Carlos representa uma fase distinta, na estética dos nossos poetas. Não é o parnasianismo já quase esgotado por enfadonhas e inúmeras repetições, nem é também a poesia inteiramente subjetiva que constitui a corrente mais vultosa da atualidade. Pode ser que participe de ambas por alguns caracteres compósitos, mas o que notamos como essencial nos seus versos é a técnica das comparações e das imagens que associam os dois elementos, subjetivo e objetivo, quase sempre com grande e feliz originalidade."

Na Academia foi substituído pelo seu grande amigo Pereira da Silva, poeta que ele sempre quisera ver sentado ao seu lado na glória da Casa de Machado de Assis.

Obras: Colunas, poesia (1920); Encruzilhada, prosa (1922); Astros e abismos, poesia (1924); Rosal de ritmos, resumo histórico sobre a evolução da poesia brasileira(1924); Amplidão, poesia (1933, póstumo); Poesias escolhidas (1970).