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João Ribeiro (J. Batista R. de Andrade Fernandes), jornalista, crítico, filólogo, historiador, pintor, tradutor, nasceu em Laranjeiras, SE, em 24 de junho de 1860, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de abril de 1934. Eleito em 8 de agosto de 1898 para a Cadeira n.31, na sucessão de Luís Guimarães Júnior, foi recebido em 30 de novembro de 1898 pelo acadêmico José Veríssimo. Era o segundo filho de Manuel Joaquim Fernandes e de Guilhermina Ribeiro Fernandes. Órfão de pai muito cedo, foi residir em casa do avô, Joaquim José Ribeiro, que era um espírito liberal, admirador de Alexandre Herculano. Em inquérito do Momento Literário, de João do Rio, declarou João Ribeiro atribuir a maior importância, para a formação do seu espírito, a essa fase de sua vida, quando as excelentes coleções de livros do avô caíram-lhe nas mãos. Além de dedicar-se à leitura, iniciou-se na pintura e na música. Depois de ter concluído na cidade natal os primeiros estudos, transferiu-se para o Ateneu de Sergipe, em Aracaju, onde sempre se destacou como o primeiro da classe. Foi para a Bahia e matriculou-se no primeiro ano da Faculdade de Medicina de Salvador. Constatando que a sua vocação não era a de médico, abandonou o curso e embarcou para o Rio de Janeiro, para matricular-se na Escola Politécnica. Simultaneamente continuava a estudar arquitetura, pintura e música, os vários ramos da literatura e sobretudo filologia.

Desde 1881, dedicou-se ao jornalismo e fez-se amigo dos grandes jornalistas do momento, Quintino Bocaiúva, José do Patrocínio e Alcindo Guanabara. Ao chegar ao Rio, trazia os originais de uma coletânea de poesias, os Idílios modernos. Seu amigo e conterrâneo Sílvio Romero leu esses versos e publicou sobre eles um alentado artigo na Revista Brasileira (tomo IX, 1881). Mesmo assim João Ribeiro decidiu não publicá-los. Trabalhou, a princípio, no jornal Época (1887-1888), multiplicando-se por várias seções, sob diversos pseudônimos: Xico-Late, Y., N., Nereu. Em 1888-89 estava no Correio do Povo, com o seu "Através da Semana", onde assinava com as suas iniciais e também com o pseudônimo "Rhizophoro".

Apaixonado pelos assuntos da filologia e da história, João Ribeiro desde cedo dedicou-se ao magistério. Professor de colégios particulares desde 1881, em 1887 submeteu-se a concurso no Colégio Pedro II, para a cadeira de Português, para a qual escreveu a tese "Morfologia e colocação dos pronomes." Contudo só foi nomeado três anos depois, para a cadeira de História Universal. Foi também professor da Escola Dramática do Distrito Federal, cargo em que ainda estava em exercício quando faleceu. A sua atividade no magistério irá se desdobrar com a do autor de uma vasta obra nas áreas da filologia, da história e do ensaio. Escrevia então para A Semana, de Valentim de Magalhães, ao lado de Machado de Assis, Lúcio de Mendonça e Rodrigo Octavio, entre outros. Ali publicou os artigos que irão constituir os seus Estudos filológicos (1902).

A partir de 1895 fez inúmeras viagens à Europa, ora por motivos particulares, ora em missões oficiais. Representou o Brasil no Congresso de Propriedade Literária, reunido em Dresden, bem como na Sociedade de Geografia de Londres. Mantinha-se em contato com seus leitores brasileiros através de colaborações no Jornal do Commercio, no Dia e no Comércio de São Paulo. A última fase de sua atividade na imprensa foi no Jornal do Brasil, desde 1925 até a morte. Ali escreveu crônicas, ensaios e crítica.

Em 1897, ao criar-se a Academia, ele estava ausente do Brasil. Por isso não foi incluído no quadro dos fundadores. Em 1898, já de volta ao Rio, ocorreu, em Lisboa, o falecimento de Luís Guimarães Júnior. A Academia o escolheu para essa sua primeira vaga. Foi eleito no dia 8 de agosto de 1898 (por 17 votos), tendo tido como concorrente José Vicente de Azevedo Sobrinho (nenhum voto), que mais tarde foi diretor de Secretaria da Academia. Houve naquela 1a eleição três votos em branco. Foi recebido em 30 de novembro daquele mesmo ano, saudando-o José Veríssimo. Na Academia, fez parte de numerosas comissões, entre as quais a Comissão do Dicionário e a Comissão de Gramática. Foi um dos principais promotores da reforma ortográfica de 1907. Seu nome foi apresentado diversas vezes como o de um possível presidente da instituição, mas ele declinou sistematicamente de aceitar tal investidura. Em 22 de dezembro de 1927, porém, a Academia o elegeu presidente. João Ribeiro apresentou, imediatamente, sua renúncia ao cargo.

Possuidor de larga cultura humanística, versado nos clássicos de todas as literaturas, dotado de aguda sensibilidade estética, a sua figura representou bem a época, com o seu ceticismo irônico, materialismo e naturalismo. O livro Páginas de estética, publicado em 1905, encerra o seu ideário crítico. Seu sentido estético o fazia inclinado a valorizar os aspectos técnicos, estruturais e formais da obra literária, embora fosse um crítico impressionista, com tendência à generosidade, tolerância e estímulo aos autores, sobretudo os novos.

Principais obras: Dicionário gramatical (1889); Versos (1890); Estudos filológicos (1902); Páginas de estética, ensaios (1905); Frases feitas, filologia (1908); Compêndio de história da literatura brasileira, história literária (1909); O fabordão, filologia (1910); Colméia, ensaios (1923); Curiosidades verbais, filologia (1927); Floresta de exemplos, contos (1931); A língua nacional, filologia (1921; 2a ed., 1933); Crítica (org. Múcio Leão) em quatro volumes: Os modernos (1952); Clássicos e românticos brasileiros (1952); Poetas. Parnasianismo e Simbolismo (1957); Autores de ficção (1959).