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Ivan Lins (I. Monteiro de Barros L.), jornalista, professor, pensador, ensaísta e conferencista, nasceu em Belo Horizonte, MG, em 16 de abril de 1904, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de junho de 1975. Candidatou-se, pela primeira vez, à Academia Brasileira de Letras em 1943, na vaga de Xavier Marques, concorrendo com Wanderley de Pinho e Menotti del Picchia, que foi o eleito. Pela segunda vez candidato, foi eleito, em 7 de agosto de 1958, na vaga de Afonso d’Escragnolle Taunay, para a Cadeira n. 1, sendo recebido em 12 de novembro de 1958, pelo acadêmico Rodrigo Octavio Filho.

Era filho de Edmundo Pereira Lins, então desembargador da Relação de Minas, e de D. Maria Leonor Monteiro de Barros Lins. Na capital mineira, estudou no Colégio Anglo-Americano e no Colégio Arnaldo, e teve aulas de português e latim com seu pai, que despertaram o seu gosto pelos clássicos latinos.

Em 1917, sendo o pai nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, matriculando-se no Ateneu Bôscoli, onde fez seus estudos secundários. Por essa época descobriu o Positivismo através do livro de Teixeira Mendes Esboço biográfico de Benjamin Constant. Depois dessa leitura, aderiu à doutrina de Comte e iniciou o estudo metódico do Positivismo. Em 1925 ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, formando-se em 30. Com um longo artigo sobre "Francia e o Positivismo", publicado no Jornal do Commercio em 12 de agosto de 1828, iniciou sua atividade de difusão das idéias positivistas no Brasil. O Positivismo, para ele, é sobretudo um método de sistematização dos conhecimentos científicos, filosóficos e sociais, fornecendo as bases para o estabelecimento de uma moral científica.

Em 1932 foi nomeado Secretário da Estação Experimental de Combustíveis e Minérios, mais tarde Instituto de Tecnologia, do Ministério da Agricultura. Chegou a ser demitido do cargo, em 34, por perseguição arbitrária do chefe de gabinete do ministro da Agricultura, mas foi readmitido. Seguro quanto ao seu emprego, fez na Associação Brasileira de Educação um ciclo de conferências que depois ele reuniu no livro Introdução ao estudo da filosofia. Daí por diante pronunciou inúmeras conferências, inclusive na Academia Brasileira de Letras, que foram sendo publicadas em livros. Colaborou em vários jornais e revistas: Jornal do Commercio, O Jornal, Correio da Manhã, Diário Carioca, do Rio; Correio Paulista, Diário Popular, Diário de São Paulo, Folha da Manhã, Digesto Econômico, Revista Brasileira de Filosofia, Revista de História, de São Paulo; Correio do Povo de Porto Alegre; A Tarde de Salvador e Revista Filosófica, de Coimbra.

Em 1937, passou a lecionar História da Filosofia na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Em 40, foi ao Uruguai como integrante da Missão Cultural Brasileira, onde pronunciou três conferências. Em 42, foi nomeado, pelo presidente Getúlio Vargas, ministro do Tribunal do Contas do então Distrito Federal, do qual será eleito vice-presidente (1950), presidente (1951 a 1953) e novamente vice-presidente (1953 a 1955). Aposentou-se em 1974, despedindo-se do Tribunal de Contas da União em sessão solene em sua homenagem. Passou a dedicar-se ao preparo de suas Memórias, que ficaram inacabadas. A saúde debilitava-se cada vez mais, apesar das viagens freqüentes à estância mineira de Lambari, na esperança de novas melhoras. Faleceu aos 71 anos aquele que, nas palavras de Barbosa Lima Sobrinho, "soube fazer de sua vida um apostolado, pela nobreza de seus atos, pela generosidade de suas inspirações".

Obras: Lope da Vega, ensaio (1935); Católicos e positivistas, ensaio (1937); Tomás Morus e a utopia, ensaio (1938); Um aspecto inédito na obra de Martins Fontes, ensaio (1938); Ruiz de Alarcón, ensaio (1940); A Idade Média, a cavalaria e as cruzadas, ensaio (1939); Gonçalves de Magalhães, ensaio (1943); Aspectos do padre Antônio Vieira, ensaio (1956); O positivismo no Brasil, ensaio (1950); Edmundo Lins, ensaio (1965); Estudos brasileiros, ensaios (1973).