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Cláudio de Sousa (C. Justiniano de S.), médico, ensaísta, teatrólogo, romancista e orador, nasceu em São Roque, SP, em 20 de outubro de 1876, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de junho de 1954. Eleito em 28 de agosto de 1924 para a Cadeira n. 29, na sucessão de Vicente de Carvalho, foi recebido em 28 de outubro de 1924 pelo acadêmico Alfredo Pujol.

Era filho do escrivão Cláudio Justiniano de Sousa e de Antônia Barbosa de Sousa, e casado com Luísa Leite de Sousa, filha dos barões de Socorro. Feitos os estudos preliminares em São Roque, seguiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em Medicina em 1897. Desde os 16 anos colaborava na imprensa carioca, em O Correio da Tarde e A Cidade do Rio.

Diplomado, foi residir em São Paulo. Ali instalou consultório médico e continuou colaborando na imprensa paulistana. Foi professor de Terapêutica na Escola de Farmácia de São Paulo, hoje integrada à USP. Em 1909, juntamente com um grupo de intelectuais, foi um dos fundadores da Academia Paulista de Letras. Na imprensa, escreveu também sob os pseudônimos Mário Pardal e Ana Rita Malheiros.

Em 1913, mudou-se para o Rio de Janeiro. Passou então a dedicar-se inteiramente à ficção e ao teatro, deixando a clínica médica. Naquele ano estreou na literatura com o romance Pater, muito bem recebido pela crítica. Suas peças de teatro, como Flores de sombra (1916) e O turbilhão (1921), obtiveram extraordinário êxito, com sucessivas representações. Iniciador do teatro ligeiro de comédia, escreveu diversas peças, todas muito apreciadas e levadas com idêntico sucesso no país e no exterior. Viajou pela Europa, Japão, Oriente Médio e Grécia. Percorreu depois os Estados Unidos, a América Central e países da América do Sul, até a Terra do Fogo. Pronunciou muitas conferências, no Brasil e no exterior, reunindo-as em volumes. Publicou igualmente diversos livros registrando impressões de viagem.

Foi presidente da Academia Brasileira de Letras por duas vezes, em 1938 e 1946. No ano em que transcorreu o cinqüentenário de fundação da ABL, achava-se ele na presidência, tendo promovido as solenidades comemorativas e editado o volume ilustrado Revista do Cinqüentenário.

Obras — TEATRO: Mata-a ou ela te matará (1896); Eu arranjo tudo (1916); Flores de sombra (1916); O assustado das Pedrosas (1917); Um homem que dá azar (1918); Outono e primavera (1918); A jangada (1920); A sensitiva (1920); O turbilhão (1921); O exemplo de papai (1921); O milhafre (1921); Os bonecos articulados (1921); Uma tarde de maio (1921); Ave, Maria (1921); O galho seco (1922); O conto do mineiro (1923); A escola da mentira (1923); Noves fora... nada (1924); A matilha (1924); A arte de seduzir (1927); Os mestres do amor (1928); Os arranha-céus (1929); O que não existe; Rosas da Espanha (1933); O grande cirurgião (1933); Papai, mamãe, vovó (1936); Fascinação (1936); Pátria e bandeira, cinema; Le Sieur de Beaumarchais (1942).

FICÇÃO, VIAGENS, ENSAIOS: Das belas-artes, conferência (1910); Pater, romance (1913); A conversão, novela; Ritmos e idéias, ensaios; Da Eva antiga à Eva moderna, conferência (1917); Maria e as mulheres bíblicas, conferência (1921); De Paris ao Oriente, viagem, 2 vols. (1921); Os infelizes, romance (1926); As mulheres fatais, romance (1928); As conquistas amorosas de Casanova, romance (1931); Um romance antigo (1933); Três novelas (1933); Nosso primeiro comediógrafo, conferência (1934); O teatro brasileiro, conferência (1935); Viagem à região do Pólo Norte (1939); Terra do Fogo, viagem (1939); O humorismo de Machado de Assis, conferência (1939); Impressões do Japão (1940); Os paulistas, seu passado, seu presente, conferência (1941); O teatro luso-brasileiro do século XVI ao XIX, conferência (1941); Raul Pompéia, conferência (1941); Os últimos dias de Stefan Zweig, ensaio biográfico (1942); A vida e o destino, contos (1944); Sol e sombra, contos (1945); Assistência aos escritores, conferência (1944); Pirandello e seu teatro, conferência (1946); e obras de medicina. Numerosas obras de Cláudio de Sousa foram traduzidas para o espanhol, o francês e o italiano.