Gentileza Academia Brasileira de Letras www.academia.org.br

Álvaro Lins (A. de Barros L.), professor, jornalista, crítico literário, ensaísta e diplomata, nasceu em Caruaru, PE, em 14 de dezembro de 1912, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de junho de 1975. Eleito em 5 de abril de 1955 para a Cadeira n. 17, na sucessão de Roquette-Pinto, foi recebido em 7 de julho de 1956, pelo acadêmico João Neves da Fontoura.

Era filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins. Fez o curso primário em sua cidade natal e o curso secundário no Colégio Salesiano e no Ginásio Padre Félix, em Recife. Ali ingressou na Faculdade de Direito. Ainda quando estudante, começou a lecionar História da Civilização no Ginásio do Recife e no Colégio Nóbrega. Aos 20 anos, como representante do Diretório dos Estudantes na abertura do ano letivo da Faculdade de Direito, pronunciou a conferência " A Universidade como escola de homens públicos", que chamou a atenção de Recife para seu nome. Passou, então, a fazer jornalismo, no Diário de Pernambuco. Colou grau em Direito em 1935. Participando de movimentos políticos, foi nomeado secretário do Governo de Pernambuco. Seu nome fazia parte da chapa de candidatos a deputado federal quando os acontecimentos de 1937 interromperam sua carreira política. Firmou-se, então, no jornalismo, como redator e diretor do Diário da Manhã, de 1837 a 1940. Ainda em Recife, aos 25 anos, escreveu o primeiro livro, História literária de Eça de Queiroz (1939).

Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde começou a fazer crítica literária, gênero que lhe deu nome nacional. Foi colaborador do Suplemento Literário do Diário de Notícias e dos Diários Associados (1939-1940), redator-chefe e dirigente político do Correio da Manhã (1940-1956). Foi convidado pelo Ministério das Relações Exteriores para escrever uma biografia do Barão do Rio Branco, com estudo diplomático e quadro histórico da época (1940). Professor catedrático de Literatura Brasileira do Colégio Pedro II, interino, de novembro de 1941 a dezembro de 1951, quando passou a efetivo mediante obtenção do 1o lugar em concurso de títulos e provas, com a tese A técnica do romance em Marcel Proust, publicada em 1956. Lecionou a cadeira de Estudos Brasileiros da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa, em missão oficial do Ministério das Relações Exteriores, de 1952 a 1954. Chefiou a Casa Civil do presidente Juscelino Kubitschek, que o nomeou embaixador do Brasil em Portugal, de novembro de 1956 a outubro de 1959. Foi o presidente da 1a Conferência Inter-americana da Anistia para os Exilados e Presos Políticos da Espanha e de Portugal, realizada na Faculdade de Direito de São Paulo (1960) e diretor do Suplemento Literário do Diário de Notícias, de março de 1961 até junho de 1964. Em 1962, foi chefe da Delegação Brasileira ao Congresso Mundial da Paz realizado em Moscou.

Álvaro Lins recebeu o Prêmio Centenário de Antero de Quental, pelo ensaio Poesia e personalidade de Antero de Quental (1942); Prêmio Felipe de Oliveira, da Sociedade Felipe de Oliveira, e Prêmio Pandiá Calógeras, da Associação Brasileira de Escritores, pela obra Rio Branco (1945); Prêmio Jabuti Personalidade do Ano, da Câmara Brasileira do Livro, pela sua obra Missão em Portugal (1960), e o Prêmio Luiza Cláudio de Souza, pelas obras Os mortos de sobrecasaca e Jornal de crítica Sétima série (1963). Foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem de Cristo, de Portugal (em 1957, devolvida em 1960).

Obras: História literária de Eça de Queirós (1939); Alguns aspectos da decadência do Império (1939); Jornal de Crítica Primeira série (1941), Segunda série (1943); Terceira série (1944); Quarta série (1946); Quinta série (1947); Sexta série (1951); Sétima série (1963); Poesia e personalidade de Antero de Quental (1942); Notas de um diário de crítica Primeiro volume (1943), Segundo volume (1963); Rio Branco (O Barão do Rio Branco 1845-1912) (1945); Roteiro literário do Brasil e de Portugal Antologia da língua portuguesa, co-autoria de Aurélio Buarque de Holanda, 2 vols. (1956); Missão em Portugal (Diário de uma experiência diplomática) (1960); A glória de César e o punhal de Brutus (1962); Os mortos de sobrecasaca (1963); Literatura e vida literária (1963); O relógio e o quadrante (1964); Ensaio sobre Roquette-Pinto e a ciência como literatura (1967); Sagas literárias e Teatro moderno no Brasil (1967); Filosofia, história e crítica na literatura brasileira (1967); Poesia moderna do Brasil (1967); O romance brasileiro (1967); Teoria literária (1967).