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Sousa Bandeira (João Carneiro de S. B.), advogado, professor, ensaísta e diplomata, nasceu no Recife, PE, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1o de agosto de 1917. Eleito em 27 de maio de 1905 para a Cadeira n. 13, na sucessão de Martins Júnior, foi recebido em 10 de agosto de 1905, pelo acadêmico Graça Aranha.

Era filho do dr. Antonio Herculano de Sousa Bandeira e de Maria Candida de Sousa Bandeira. Teve uma excelente formação desde a infância. Seu pai relacionava-se com os brasileiros de maior expressão mental de sua época, entre os quais Joaquim Nabuco. Sousa Bandeira irá reconstituir esse ambiente nos capítulos iniciais das suas Evocações (1920). Em 1884, obteve o título de bacharel pela Faculdade de Direito do Recife. Na resposta que deu ao Momento Literário, de João do Rio, Sousa Bandeira fixou a grande importância que, na formação e no desenvolvimento do seu espírito, teve esse período acadêmico de 1880 a 1884, sob o fascínio do mestre Tobias Barreto.

Vindo para o Rio de Janeiro, Sousa Bandeira dedicou-se logo à carreira de advogado. Em 91, fez-se professor da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, indo reger a cadeira de Direito Administrativo.

Passou a freqüentar a redação da Revista Brasileira, onde se aproximou das figuras que mais admirava Joaquim Nabuco, Machado de Assis, Mário de Alencar, José Veríssimo, Taunay. Viajou pela Europa, permanecendo na Itália, na França, na Alemanha e na Suíça. Dessas viagens pelas velhas cidades da arte e do pensamento ficaram as páginas do livro Peregrinações. Em algumas dessas viagens ele teve representação oficial do Brasil, como no Congresso do Tráfico de Brancas em Paris, em 1910. Sousa Bandeira juntava assim às suas duas atividades habituais a de advogado e a de professor a atividade de diplomata. Em 1912, ao se reunir no Rio de Janeiro a Conferência dos Juristas Americanos, foi designado secretário geral do encontro. Exerceu também o cargo de Procurador dos Feitos da Fazenda Municipal.

Na opinião de João Ribeiro, a obra de Sousa Bandeira, apesar de ter sofrido a influência intelectual da Escola do Recife, não acusa mais a ênfase nativa da terra em que floresceu outrora a escola condoreira ou a poesia científica e social. "A sua estética, se não clássica, conserva ao menos o perfume clássico, a regularidade das linhas e a plástica serena do escritor que não necessita mais apelar para o modernismo e para a moda da última estação."

Obras: Estudos e ensaios (1904); Peregrinações, viagem (1910); Páginas literárias, ensaio (1917); Evocações e outros escritos (1920).