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Luís Murat (L. Morton Barreto M.), jornalista, poeta e político, nasceu em Resende, RJ, em 4 de maio de 1861, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 3 de julho de 1920. É o fundador da Cadeira n. 1 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono AdelinoFontoura.

Era filho do Dr. Tomás Norton Murat. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo. Sua estréia literária deu-se em São Paulo, em 1879, no Ensaio Literário, órgão do clube Curso Anexo, redigido por ele e outros colegas. Mudando-se para o Rio de Janeiro, abraçou o jornalismo, e seus artigos captavam as atenções gerais. Publicou seu primeiro livro de poesias, Quatro poemas, em 1885. Fundou o jornal Vida Moderna (10 jul. 1886 a 25 jun. 1887) com Artur Azevedo, no qual colaboravam Araripe Júnior, Xisto Bahia, Coelho Neto, Alcindo Guanabara, Guimarães Passos, Raul Pompéia e outros. Depois colaborou na Cidade do Rio, de José do Patrocínio, em A Rua, com Olavo Bilac e Raul Pompéia, e em outros jornais cariocas. Escrevia também sob o pseudônimo Franklin. Jornalista combativo, empenhou-se a fundo nas campanhas da Abolição e pelo advento da República.

Em janeiro de 1890, publicou o poema dramático A última noite de Tiradentes, em folhetim, na Gazeta de Notícias. Nesse ano, foi eleito deputado pelo Estado do Rio e atravessou várias legislaturas. Foi secretário geral do governo fluminense e escrivão vitalício da provedoria da então capital federal. Insurgiu-se contra Floriano Peixoto, recebendo ordem de prisão, mas as imunidades parlamentares o salvaram. Foi, então, para o jornal O Combate e atacou violentamente o presidente.

Na revolta da Marinha, em setembro de 1893, redigia o jornal que publicou o manifesto do almirante Custódio José de Melo. Esteve com os revoltosos na esquadra, mas deixou-se prender quando sentiu desvirtuado o intuito da revolução. Foi julgado e absolvido por unanimidade no Paraná.

Autor de poesia romântica, liga-se acidentalmente à geração parnasiana, permanecendo meio difuso e pouco claro em suas manifestações como poeta. Sofreu influências dos românticos Victor Hugo e Théophile Gauthier, que se evidenciam na tendência para as imagens fulgurantes e para a exaltação verbal, e dos poetas nórdicos, ao expressar certas notas profundas, obscuridades e uma atmosfera de espiritualismo. Era um poeta culto e investigador, e fez a poesia sem parecer preocupado em filiar-se a uma escola.

Obras: Quatro poemas (1885); A última noite de Tiradentes, poema dramático (1890); Ondas, 1a série, poesias (1890); Poesias (1892); Ondas, 2a série (1895); Sarah, poema (1902); Ondas, 3a série (1910); Poesias escolhidas (1917); Ritmos e idéias, poesia (1920).