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Dom Silvério Gomes Pimenta, professor, orador sacro, poeta, biógrafo, prelado e arcebispo de Mariana, nasceu em Congonhas do Campo, MG, em 12 de janeiro de 1840, e faleceu em Mariana, MG, em 30 de agosto de 1922. Eleito em 30 de outubro de 1919 para a Cadeira n. 19, na sucessão de Alcindo Guanabara, foi recebido em 28 de maio de 1920, pelo acadêmico Carlos de Laet. Foi o primeiro prelado brasileiro com assento entre os escritores consagrados pela Academia Brasileira de Letras.
Foram seus pais Antônio Alves Pimenta e Porcina Gomes de Araújo. Órfão de pai aos quatro anos, cedo teve de empregar-se como caixeiro para sustentar a mãe e quatro irmãos menores. Demonstrando desde cedo pendor para o estudo, seu padrinho Manuel Alves Pimenta obteve para ele uma vaga no Colégio de Congonhas, dos padres Lazaristas. Esse estabelecimento, onde obteve as melhores colocações, foi fechado em 1855. Em vista de não poder continuar os estudos, empregou-se como sapateiro. Afilhado de crisma de D. Viçoso, bispo de Mariana, este concedeu-lhe matrícula no Seminário da cidade. Ali entrou aos 14 anos. Dois anos depois já era professor de latim, cadeira que ocupou durante 28 anos. Além de latim, foi professor de Filosofia e História Universal, durante 12 anos.
Foi ordenado, por D. Viçoso, aos 22 anos, em 1862, na matriz de Sabará. Em 1864 foi à Europa, enviado por D. Viçoso. Em 1874, ao falecer esse ilustre bispo, o padre Silvério foi eleito vigário capitular, governando a diocese até 1877. No ano seguinte, D. Antônio Correa de Sá e Benevides, sucessor de D. Viçoso, escolheu-o para vigário geral e provisor do bispado. Como D. Benevides estivesse sempre doente, D. Silvério foi durante muito tempo o sustentáculo do bispado, até que em 26 de junho de 1890 foi nomeado bispo titular de Cámaco e auxiliar de Mariana. Foi sagrado em São Paulo por D. Pedro Maria de Lacerda, em 31 de agosto de 1890. Foi o primeiro bispo sagrado depois de proclamada a República.
Desde então, começou a escrever suas célebres cartas pastorais. A primeira pastoral traz a data de 24 de novembro de 1890 e a última é de 10 de fevereiro de 1922.
Com a morte de D. Benevides, em 1896, sucedeu-o no bispado de Mariana. Em 16 de maio de 1897, já transferido de bispo titular de Cámaco para efetivo de Mariana, fez sua entrada solene na catedral dessa cidade. Nesse ato tomaram parte o governador do Estado, dr. Bias Fortes, e outros representantes do governo estadual.
Em 1906, o papa Pio X elevou a diocese de Mariana a arquidiocese e o respectivo bispo, D. Silvério, a arcebispo. O cardeal Arcoverde oficiou a cerimônia de imposição do pálio ao novo arcebispo, tendo feito a oração gratulatória o bispo de Petrópolis, D. João Francisco Braga.
Várias viagens fez D. Silvério a Roma. Em 1899, em companhia de outros prelados da América, tomou parte no Concílio Plenário.
A personalidade literária de D. Silvério ficou marcada por seus livros e cartas pastorais, gozando o arcebispo acadêmico da fama de poliglota, conhecedor que era do latim, grego, hebraico, além das línguas vivas que usava correntemente. Publicou poesias em latim. Sua obra maior é a Vida de D. Viçoso. Como jornalista, D. Silvério fundou e dirigiu, em Mariana, o Bom Ladrão, O Viçoso, O D. Viçoso e o D. Silvério, editados sob sua orientação e dirigidos pelos padres Severiano de Resende e Luís Espechit.
Os versos latinos, as cartas pastorais e os artigos na imprensa granjearam-lhe fama, sendo comparado ao padre Manuel Bernardes e a frei Luís de Sousa. E foi esse renome que o levou à Academia Brasileira de Letras. Outros sacerdotes que depois dele tiveram ingresso na Academia foram o arcebispo D. Francisco de Aquino Correa, o monge beneditino D. Marcos Barbosa e o arcebispo D. Lucas Moreira Neves.
Obras: O papa e a revolução, sermões (1873); Peregrinação a Jerusalém (1897); D. Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana, conde da Conceição (1876); A prática da confissão, estudos de moral e dogma (1873); Cartas pastorais 1890-1922; diversos sermões, orações, conferências, poesias latinas em periódicos.