VERSOS A UM COVEIRO
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!
Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!
Oh! Pitágoras da última aritmética, 
Continua a contar na paz ascética 
Dos tábidos carneiros sepulcrais:
Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros, 
Porque, infinita como os próprios números, 
A tua conta não acaba mais!