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Artur de Oliveira, cronista, professor e poeta, nasceu em Porto Alegre, RS, em 11 de agosto de 1851, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de agosto de 1882. É o patrono da Cadeira n. 3 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Filinto de Almeida.

Era filho de João Domingos de Oliveira e Maria Angélica de Oliveira. Depois dos estudos primários na sua cidade natal, chegou ao Rio de Janeiro aos 16 anos, em fins de 1867. Do Rio de Janeiro viajou para Minas Gerais, a fim de matricular-se no famoso colégio do Caraça. Deixando os lazaristas do Caraça, por vontade própria, mas com uma acusação de indisciplina, seguiu para Pernambuco, onde tentou a Faculdade de Direito do Recife, em 1870, mas, reprovado em Matemática, desistiu de tentar novamente.

Seguiu, então, para a Europa, e a 4 de agosto de 1870 já escrevia ao pai relatando suas primeiras observações de Paris, inclusive sobre a guerra franco-prussiana, então quase terminada. De Paris viajou para Berlim, retornando, porém, à França nos primeiros dias de novembro de 1871, expulso pelas autoridades alemãs, permanecendo em Paris pelo menos até maio de 1872. Manteve relações de amizade com Théophile Gautier e sua irmã Judith, Catulle Mendès, Leconte de Lisle e o célebre livreiro Alphonse Samerre. Em 1873, já iremos encontrá-lo de volta ao Rio, depois de uma longa peregrinação, aliás infrutífera, em busca do título de bacharel em Direito, que parece aliás ter sido muito mais aspiração paterna do que do próprio interessado. Em 1879, concorreu ao cargo de professor substituto de Retórica, Poética e Literatura Nacional no Colégio Pedro II. Não logrando aprovação, submeteu-se a outro concurso no ano seguinte, no mesmo Colégio, tentativa também sem êxito. Posteriormente conseguiu nomeação para professor substituto de Português e História Literária naquele educandário e lecionou também na Escola Normal.

Da leitura intensa, dos estudos no Caraça e da viagem pela Europa proveio sua apregoada erudição, que ele gostava de exibir, com talento e imaginação viva, lendo poesias aos amigos, entre os quais Fontoura Xavier, Teófilo Dias, Carvalho Júnior e Alberto de Oliveira. Este, numa entrevista a Terra Roxa e Outras Terras, em 1926, dá testemunho da importância de Artur de Oliveira na introdução do Parnasianismo no Brasil: "O Artur lia Gautier, Banville, Sully-Prudhomme, Baudelaire e empolgava-nos com seu entusiasmo." Mas, na verdade, conversou mais do que escreveu. Sua produção literária é escassa e, ainda assim, não corresponde ao que se espera da genialidade apregoada pelos que com ele conviveram. Sua morte, aos 31 anos de idade, foi muito sentida por se ter apagado um dos raros talentos da sua geração.

Com bibliografia insignificante enquanto viveu - cerca de cem páginas impressas - Artur de Oliveira só teve uma edição mais significativa de sua obra em 1936. Foi Luís Filipe Vieira Souto quem coligiu todos os seus trabalhos com o título de Dispersos, inclusive sua correspondência familiar, sob certos aspectos muito mais importante e valiosa que todos os seus escritos conhecidos.

Artur de Oliveira, em vida, publicou os seguintes trabalhos, sob o pseudônimo de Bento Gonçalves: Flechas, crônicas, 2 números (1873); A Rua do Ouvidor, sátira (1873), reproduzida na Revista da Academia Brasileira de Letras 29:355-60 e 463-75, 1929. Estas duas obras reúnem crônicas jornalísticas. Publicou também a Tese de concurso à cadeira de professor substituto de Retórica, Poética e Literatura Nacional no Imperial Colégio Pedro II (1879), reproduzida na Revista de Língua Portuguesa no 32, nov. 1924. Parte de sua obra está reunida em Dispersos (1936), textos organizados por Luís Filipe Vieira Souto, com nota preliminar de Afrânio Peixoto